Conforme combinado posto a reportagem feita pelo nosso amigo Nelson, aproveito para agradecer o carinho que teve com nossa equipe.
"Bah, aqui tem hóquei!
Diz o velho ditado que uma andorinha só não faz verão, mas no interior gaúcho a máxima popular nunca esteve tão errada. Diego Telles, 29 anos e professor de Educação Física, vem causando calor na pequena cidade de Igrejinha, a cerca de 40 minutos de uma das capitais nacionais do turismo de inverno, Gramado. Depois de procurar esportes diferentes para implantar na Escola Municipal Vila Nova, onde tem 21 turmas, graças à Internet chegou ao hóquei sobre grama. Fez contato com a Confederação Brasileira e foi indicado para conversar com Daniel Finco, responsável pelo desenvolvimento no Rio Grande do Sul. Fez um curso de participação e começou sua aventura. Ganhou três tacos, depois mais três, comprou dois, ganhou outros e chegou aos atuais 23. Recentemente adquiriu por meio de um ex-jogador que viajou à Índia uma roupa completa de goleiro.
É noite de quarta-feira. Saio de Taquara, onde Diego mora com a mãe, rumo à vizinha Igrejinha. Chegamos ao ginásio e cerca de 40 crianças e adolescentes estão empolgados para começarem a treinar. Alguns, como Raissa de Oliveira, 13 anos, não poupam esforços. A adolescente, ex-aluna de Diego, mora em Três Coroas e vai até Igrejinha só por causa do hóquei. Diego só conta com a colaboração de uma mãe de aluna, que ajuda a tomar conta da garotada enquanto ele se divide entre o treino dos menores e o normal, realizados em quadras diferentes.
Sem um jogador experiente orientando, é impressionante a evolução de alguns alunos. É o caso dos gêmeos Dhimitri e Cauan, que se tiverem a chance de treinarem com adultos têm grande potencial no esporte. As meninas também não ficam atrás: mostram muita disposição na quadra e algumas já apresentam bons passes e visão de jogo. No ano passado, o grupo encarou mais de 24 horas de viagem para disputar o Campeonato Brasileiro sub-17 no Rio de Janeiro, e apesar de terem aprendido na hora algumas regras, como a de não jogar a bola direto na área antes de percorrer três metros, causou boa impressão. Ficou a lembrança de terem jogado pela primeira vez num campo oficial, os banhos no irrigador do campo de água e a visita à Praia de Copacabana. Ah, e as brincadeiras com o sotaque carioca: eu mesmo virei alvo das meninas, que gostaram especialmente da minha maneira de falar “misto”, ou melhor, “mixto”…
Para que novos talentos surjam, Diego pensa em conseguir espaço em outras escolas, mas aí seria fundamental alguém para trabalhar junto com ele. Com pouquíssimo tempo livre por causa da quantidade de turmas, o jovem professor gaúcho é tranquilo e caseiro. Gosta de correr e do contato com a natureza. Serenidade que esconde um grande espírito realizador. Do nada, criou um excelente grupo e com certeza vai colher muitos frutos em breve. Diego é mais um dos heróis anônimos do hóquei nacional."
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